Por Charles Mascarenhas
Há exatos 80 anos, era publicado nos Estados Unidos, o romance
Ratos e Homens, conto escrito por John Steinbeck, que no entanto foi proibido a época, por além de fazer uma crítica ao sistema capitalista americano, trazia linguagens ofensivas e vulgares.
No Brasil, para o teatrólogo Augusto Boal o texto de Steinbeck caiu muito bem, já que é possível enxergar a possibilidade de se trabalhar com a técnica do Teatro do Oprimido, metodologia criada por Boal no início dos anos de 1960, que usa o teatro como ferramenta de trabalho político, social, ético e estético, contribuindo para a transformação social. Por tanto, em 1957, estreava no Rio de Janeiro,
Ratos e Homens, sob direção de Augusto Boal.
Agora, com o título de
Sobre Ratos e Homens, com direção assinada por Kiko Marques, a montagem do texto de Steinbeck ressurge, se mostrando muito atual.
Ambientada no período da Grande Depressão que assolou os Estados Unidos e outros países do mundo na década de 30, Sobre Ratos e Homens aborda uma história de amizade entre George (Ricardo Monastero) e Lennie (Ando Camargo), personagens que perambulam em meio às fazendas a procura de emprego.
Lennie é um dos motivos pelo qual George vive as aventuras de estar sempre foragido ou correndo risco. O atraso intelectual e os desejos infantis de Lennie, o fazem perder o controle da tamanha força física. Somente George consegue controlá-lo.
Apesar de viverem grandes aventuras, no fundo o que esses personagens querem é apenas juntar dinheiro para comprar um pedaço de terra, onde possam ter as próprias criações de animais e plantações, ou seja, um lugar onde possam manter-se bem e viverem o tão almejado sonho americano.
Além das questões dos desejos inalcançáveis, a peça também toca no que diz respeito às questões raciais e o machismo muito recorrente à época.
Sobre Ratos e Homens estreou na última quinta-feira, dia 15/06, no CCBB-BH e vai até o dia 17 de julho.