09 Dez 2019 | domtotal.com
Juliano Paiva
O Cruzeiro e parte de sua torcida protagonizaram o rebaixamento mais vergonhoso da história do futebol brasileiro. Por todo lado que se olhe é um vexame, o maior de todos entre os grandes clubes nacionais.
O ultraje não foi cair, ter de disputar a Série B do Campeonato Brasileiro em 2020. Gigantes do planeta bola já passaram por essa fase: Palmeiras, Atlético, River Plate, Liverpool, Corinthians, Vasco, Bayern de Munique, Botafogo, Manchester United (cinco vezes), Atlético de Madri, Internacional, Roma, Borussia Dortmund, entre tantos outros.
O vexame foi cair como o Cruzeiro caiu. Em maio, o ex-país do futebol era surpreendido por uma matéria do Fantástico da TV Globo a qual detalhava que o clube estava sendo investigado por uso de empresas de fachada, suspeitas de lavagem de dinheiro e por supostamente ter negociado os direitos de um menor de idade.
O presidente Wagner Pires e o diretor de futebol Itair Machado tentaram se explicar, mas não convenceram ninguém. Daí em diante, salários atrasados do elenco e corpo administrativo, saída e chegada de dirigentes e as trocas de técnico foram a base do desempenho técnico pífio do time.
Zezé Perrella tomou a frente do clube no lugar de Itair o que foi comemorado por parte dos torcedores, muito provavelmente os mesmos que idolatraram o ex-presidente do Ipatinga, o chamando de “Mitair” nas redes sociais, alguns meses antes.
Esses torcedores que exaltam o estilo Itair e Perrella também são responsáveis pela queda e protagonizaram o vexame da mesma forma que aqueles que praticaram atos de vandalismo no Mineirão. Banheiros, cadeiras, TV`s e bebedouros foram depredados. Bombas jogadas pela torcida eram ouvidas. Corre-corre e tentativa de invasão de campo. O caos resultou em pânico, em especial entre as crianças, e mais de três dezenas de feridos.
Sem segurança no estádio, o árbitro Marcelo de Lima Henrique encerrou a partida aos 40 minutos do segundo tempo colocando fim, por ora, à história do Cruzeiro na Série A. Cinco derrotas seguidas e somente um gol marcado nas últimas oito partidas. Eis o epílogo celeste.
Um destes reveses foi tido como o rebaixamento moral do clube. Muitos sentiram que no Cruzeiro 0 x 1 CSA a queda era iminente. Naquele jogo Thiago Neves perdeu pênalti e não jogou mais pela Raposa.
Thiago Neves, aquele mesmo que fez piada com a tragédia de Brumadinho associando o desastre ao rebaixamento do Atlético em 2005, chamou a atenção ao longo do ano por suas declarações e comportamento polêmicos e por ter “derrubado” Rogério Ceni, que substituiu Mano Menezes, com sua panelinha. Chegou o “amigo” Abel Braga que não deu conta do recado e cedeu lugar a Adílson Batista que deu razão a Ceni: “Muita coisa errada”.
Sim, muita coisa errada! Gestão caótica, Conselho Deliberativo omisso, dirigentes investigados, problemas financeiros graves, dívidas batendo à porta, cotas de TV adiantadas, elenco milionário, jogador mandando e desmandando, torcedores irados, perdas de mando de campo, guerra entre organizadas do próprio time...
E na coletiva pós-vexame azul, Zezé Perrella tranquiliza a torcida dizendo que vai continuar. E tem gente achando isso bom.
Vamos subir, Zerooo!
O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente do Dom Total. O autor assume integral e exclusivamente responsabilidade pela sua opinião.