10 Dez 2020 | domtotal.com
Tecnologia 'streaming' revolucionou o mercado audiovisual e mudou os rumos do entretenimento
Jorge Fernando dos Santos
Sem dúvida nenhuma, a tecnologia streaming revolucionou o mercado audiovisual e mudou os rumos do entretenimento. É cada vez maior em todo o mundo a adesão aos serviços da Spotify, Netflix, Prime e de outras empresas do ramo. A nova modalidade de exibição de filmes e músicas tem crescido inclusive devido à pandemia de Covid-19, que fechou os cinemas e trancou o público em casa.
De olho no setor, a Rede Globo prioriza investimentos na Globoplay. Afinal, já faz tempo que a audiência televisiva vem despencando. A TV a cabo, que prometia inovação, ficou tão obsoleta quanto a TV aberta. Ambas custam caro, empregam muita gente, dependem de concessão e de patrocinadores. O streaming permite venda direta, dispensa comerciais e oferece aos clientes um amplo leque de opções em domicílio.
A pioneira na área de filmes pelo novo sistema é a Netflix. Fundada em 1997 na Califórnia, por Reed Hastings e Marc Randolph, começou como locadora de vídeo. O diferencial era a entrega de DVDs pelos correios mediante pedidos feitos no site da empresa. No ano do seu décimo aniversário, ela finalmente adotou a tecnologia streaming, que hoje lhe garante uma carteira com 183 milhões de assinantes em redor do planeta.
Séries de sucesso
A Netflix chegou ao Brasil em 2011, quando anunciou contratos de licença de exibição com a Paramount, Sony Pictures, NBCUniversal, TV Bandeirantes, ABC Television, CBS, MGM, Disney, Televisa, BBC Worldwide e outras. De lá para cá, a clientela brasileira não parou de crescer, consolidando a marca como sinônimo de streaming.
Ao fazer uma assinatura mensal, o cliente tem ao seu dispor milhares de filmes, séries e documentários. Os conteúdos podem ser acessados por computadores, aparelhos de TV, smartphones, tablets e até videogames. Além de transmitir produtos de terceiros, desde 2012 a empresa passou a investir em filmes exclusivos, que já somam em torno de 500 produções. Os melhores exemplos são Dois papas, História de um casamento e O irlandês, todos eles com várias indicações ao Oscar.
O filé, no entanto, são as séries originais. Entre as mais festejadas destacam-se House of cards, Dark, Marco Polo, O mecanismo, 3%, Narcos, The crown, Marseille, Stranger things e Aliás, Alice. A sensação do momento é O Gambito da rainha, que estreou recentemente. Entre as melhores contratadas não podemos deixar de fora Bates Motel (inspirada no clássico Psicose, de Alfred Hitchcock) e Breaking bad. Esta inclusive gerou o filhote Better call Saul, com várias temporadas de sucesso.
Fim do monopólio
Por muitas décadas, Hollywood dominou o mercado cinematográfico mundial. Além de investir pesado na produção de filmes e seriados para todos os gostos, os grandes estúdios criaram um poderoso esquema de lobby junto às distribuidoras, redes de cinema e emissoras de TV. A concorrência desleal inibiu a produção de filmes em vários países. De certa forma, o sistema streaming devolve ao mundo o que lhe fora roubado.
Se antigamente os cinéfilos eram quase forçados a consumir enlatados americanos, hoje eles têm ao alcance dos olhos produções de quase todo o mundo. Basta dizer que um dos campeões de audiência da Netflix é a série espanhola La casa de papel. A israelense Fauda, a russa Trotsky e a inglesa Peaky blinders também tiveram seus dias de glória.
Em suma, a Netflix quebrou o monopólio hollywoodiano ao abrir janelas para produções argentinas, alemãs, belgas, francesas, italianas, finlandesas, polonesas, chinesas, coreanas, japonesas e outras. Tudo com extremo controle de qualidade e sem abrir mão da experiência do cinema americano. Semana passada estreou na plataforma o longa Mank, todo em preto e branco, no qual Gary Oldman interpreta o roteirista de Cidadão Kane. Uma dica imperdível para os amantes da sétima arte.