Marca francesa já ensaia substituição de executivo suspeito de ocultar valores e utilizar ativos da Nissan em benefício próprio
Carlos Ghosn é CEO da Aliança Global Renault-Nissan e Mitsubishi
Por Thiago Ventura
Preso por crimes fiscais no Japão, o executivo franco-brasileiro Carlos Ghosn permanece presidente e CEO do Groupe Renault. Foi o que decidiu o Conselho de Administração da Renault, durante reunião nessa terça (20). Havia a expectativa que ele fosse demitido de imediato.
Apesar disso, o conselho indicou Thierry Bolloré como Vice-Presidente Executivo, assumindo os mesmos poderes que Carlos Ghosn. Durante este período, o Conselho se reunirá regularmente para proteger os interesses da Renault e a sustentabilidade da Aliança com a Nissan e a Mitsubishi.
A Diretoria da Renault decidiu solicitar à Nissan, com base nos princípios de transparência, confiança e respeito mútuo estabelecidos na Carta da Aliança, mais informações sobre o andamento das investigações contra contra Ghosn.
Presidente do Conselho da Nissan, Ghosn é também o presidente e CEO da Aliança Nissan Renault. O executivo é também presidente do Conselho da Mitsubishi. A japonesa já sinalizou que pretende demiti-lo, assim como a Nissan.
De mocinho à vilão: Carlos Ghosn tem uma das carreiras mais brilhantes do mercado.
Presidente da aliança Renault-Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn foi preso nesta segunda no Japão. Ele o diretor Representativo da marca, Greg Kelly, são suspeitos de fraude fiscal.
Investigação aponta que Ghosn e Kelly reportaram valores de compensação nos relatórios da Bolsa de Valores de Tóquio menores do que os reais. Ou seja, eles maquiavam os salários junto às autoridades fiscais japonesas. A prática foi realizada por muitos anos.
A própria Nissan ficou sabendo da denúncia e colaborou com o Gabinete do Ministério Público do Japão. Investigações internas também confirmam as suspeitas. Por conta da prisão dos executivos, a marca japonesa se manifestou por nota.
“Como a má conduta descoberta através de nossa investigação interna constitui clara violações da marca, o diretor Executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, proporá ao Conselho de Diretores da Nissan a remoção imediata de Ghosn de seus cargos como Presidente e Diretor Representativo. Saikawa também proporá a remoção de Greg Kelly de sua posição como Diretor Representativo.
A Nissan pede desculpas por causar grande preocupação aos nossos clientes e acionistas. Continuaremos nosso trabalho para identificar nossos problemas de governança e conformidade e tomar as medidas apropriadas”, diz a marca.
A prisão de Ghosn reapresenta um abalo na industria global, que passa de herói a vilão. O CEO possui uma das carreiras mais brilhantes do mundo dos negócios, e grande responsável pela virada na Nissan nas últimas duas décadas
A Nissan estava à beira da falência e graças ao trabalho do franco-brasileiro de origem libanesa, conseguiu se recuperar. Além de ser presidente da Nissan, Ghosn também é presidente e diretor-executivo da Renault e da Mitsubishi Motors.