Professor Didier Frank abre o 4º Seminário Internacional Emmanuel Levinas na Dom Helder.
Por Gilmar Pereira
A pergunta sobre Deus é uma das mais importantes questões humanas e constitui, mais precisamente, uma questão sobre o próprio humano e o sentido de sua vida. Tendo isso como pano de fundo, deu-se início, na noite dessa terça-feira (8), o 4º Seminário Internacional Emmanuel Levinas – realizado pelo Centro Brasileiro de Estudo Levinasianos (Cebel) e a Dom Helder Escola de Direito – e que se estende até o dia 10. A conferência inaugural contou com a presença do professor Didier Frank, da Université Paris 10, com o tema "Um Deus homem?".
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Compondo a mesa solene do evento e abrindo os trabalhos da noite, o reitor da Dom Helder, professor Paulo Stumpf, falou da pertinência do pensamento de Levinas e sua questão da alteridade, principalmente num tempo em que se assiste ao ressurgimento de movimentos fascistas e neonazistas. Também compunham a mesa o presidente do Cebel, professor Nilo Ribeiro Junior; a coordenadora do Programa de Pós-graduação em Filosofia da Faculdade Jesuíta (Faje), professora Cláudia Maria Rocha de Oliveira; o representante do Conselho Diretor Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito (Comped) e docente da Dom Helder, professor Caio Augusto Souza Lara.
Na esteira do que dizia Stumpf, Cláudia Oliveira ressaltou que “os desafios do tempo presente, marcado pela diferença, pelo pluralismo, mas ao mesmo tempo, assombrado por tendências totalitárias, exigem esforço compartilhado”. Ela também destacou a importância e o desejo de novas parcerias entre a Dom Helder e a Faje, enfatizando o caráter interdisciplinar de pensadores como Levinas. Corroborando o que dizia Claudia, o professor Caio Lara falou do destaque do filósofo no Comped, que urgiu um grupo de trabalho dedicado somente a ele, dado o número de artigos dedicados ao seu pensamento vindo de inúmeros estados da federação.
O professor Nilo, em seu discurso, delineou o espírito do 4º Seminário, que tem como tema "Sentido do humano: ética, política e direito em tempo de mutações". Como reconhecimento pela colaboração na promoção do pensamento levinasiano, ele agradeceu aos professores Paulo Stumpf e Franclim Brito (reitor da Escolha de Engenharia de Minas Gerais – EMGE – e coordenador do curso de Direito Integral da Dom Helder, representado pela professora Valdênia Geralda de Carvalho), à Dom Helder e ao Comped, conferindo-lhes o diploma de membros honorários do Cebel.
A palestra
O professor Didier Frank desenvolveu sua palestra desde o pensamento do filósofo franco-lituano Emmanuel Levinas, particularmente sobre o texto Um Deus homem?. Partindo da crítica levinasiana às narrativas de Deus concebidas pela Onto-teologia, passando pela noção de Rosto, ponto fundamental da filosofia de Levinas, chegou-se a proposição de narrar Deus de “outro modo que ser”, fora dos domínios ontológicos.
O professor da Paris 10 apresentou a relação possível com o Infinito e cada ser humano como relação de desejo e proximidade. Assim, desenhou-se uma noção de subjetividade diferente daquela da modernidade. Para o pesquisador, o encontro com o Rosto faz do sujeito um "em si" e não um "eu".
O Outro levinasiano é um Rosto que emerge, que se impõe na radicalidade da separação e que convoca a cada um, numa espécie de intriga entre o Outro e o sujeito, abrindo o sentido do humano. De modo sintético, Didier retomou uma frase de Levinas que explica a questão em linguagem religiosa: “Eu digo do Rosto do próximo aquilo que o cristão diz do rosto do Cristo”.
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